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HERBARIUM

(Ana Helena Curti – Arte 3 / Fundação Bienal de São Paulo)

Ricardo Junqueira tem sido, no decorrer de sua vida artística, um fotógrafo do ofício. Ofício enquanto conhecimento e controle absolutos das técnicas descritas pela História da Fotografia. Não é possível pensar em sua produção sem pensar na necessidade da experimentação.

Nesta mostra, reunindo cerca de 20 fotografias, Ricardo parte do estúdio tradicional, como cenário, para as imagens, e segue num caminho de desafios. O negativo, ponto de partida, sofre inúmeras interferências no processo de ampliação, chegando a resultados únicos. Ricardo não explora a técnica da fotografia como linguagem multiplicadora de situações, mas como veículo da exploração de inúmeras possibilidades. A fotografia para ele é meio e não fim.

Seu rigor se volta muito mais à técnica do que à essência e controle da imagem. Sensibilizar o papel, especialmente produzido para ele, com pinceladas de emulsão permite que a imagem se adapte de maneira casual. Esta casualidade, muitas vezes percebida a partir de pequenas manchas ou distorções, faz com que o olhar do espectador se mostre mais interessado. Processo e produto se encontram na casualidade.

Para esta exposição, Ricardo dedicou-se à leitura estética do corpo nu. Modelos estrategicamente posicionados diante de iluminação e ambientação constantes, interagem com folhas de vegetação, quase atingindo uma fusão perfeita. Às vezes pouco se percebe o momento onde o contorno humano termina e começa o universo de folhas.

Ricardo Junqueira